19/07/09

Teremos sempre um pouco de medo do desconhecido, da ruptura, do malogro de um plano não necessariamente bom mas que nos segreda ao ouvido a segurança da estabilidade. Teremos sempre ao longe o horizonte e poderemos morrer felizes sem nunca termos tentado lá chegar. Poderemos tentar tocar o intangível, sempre, ainda que seja porque isso nos traz reconhecimento, prestígio ou, na pior das hipóteses, o tal déjà vu de um plano de vida perfeito. Podemos sempre olhar o horizonte, horas a fio, apenas porque ele está ali, feito para ser contemplado, nesse acto inútil de carinho que é olhar para as coisas e fundirmo-nos nelas.
Hoje olhei o horizonte, e as suas cores, numa planície seca, de árida beleza, indescritível. E senti um sopro de esperança. Hoje ouvi falar de vidas que se entrecruzam e de gente que se ama e o diz antes que seja tarde demais, tudo isto enquanto eu olhava o horizonte.
Teremos sempre as palavras que dissermos a lembrar-nos que somos mais do que os planos que fazemos, e muito mais do que os objectivos que gravamos no nosso mapa. Talvez o amor, ao entardecer, nos tenha salvo e nos possa ir redimindo.

2 comentários:

any disse...

Esses momentos lembram-nos que não estamos agarrados ao espaço, nem mesmo ao tempo. E que o que nos fica de verdadeiramente marcante ao longo dos anos são as fracções de segundo em que nos entregámos.

x disse...

é tão bom ler o que escreves! as palavras vão crescendo a cada dia que passa e a tua identidade, enquanto escritor torna-se mais forte.

voltei a escrever também, alguma coisa, tinha saudades de alguma partilha de palavras.

(acasadodiospireiro.blogspot.com)