13/12/09

Observar os traços brancos da estrada, no negro do alcatrão mais negro. Entrar na noite pelos atalhos feitos de bons presságios que não cessam. E seguir, sem escala programada, viajantes sem mais redenção do que o prazer de avançar e de encontrar no caminho por fazer um código desconhecido, secreto, uma existência semelhante à do fantasma que está e não está. Ao longe, numa qualquer tela de cinema alguém fuma um cigarro enquanto tenta decifrar o mistério que se adensa numa espiral de intriga negra sem traços brancos a definir os sentidos do percurso. E tudo se mistura e todos os sentidos se confundem no escuro e no fumo densos. Luzes apagadas, fim da linha.

2 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

gosto de te ler.

mas esse abismo negro de que falas fica sempre mais denso no inverno e com estas temperaturas que obrigam a hibernar...

x disse...

muito bonito.

gosto destes textos mais pequenos. são como curtas-metragens (nunca dispensam os filmes), mas o escopo temporal mais reduzidos(neste caso o escopo de palavras) torna mais tenso o conteúdo, não sei explicar bem... por isso continua a escrever «filmes» e «curtas-metragens».*