20/10/10

A agitação do mundo à minha volta, as obrigações, aquilo que fará de mim um homem responsável que, de acordo com os cânones, leva as moedinhas para casa, nada disso me entusiasma. Sinto que há algum desprezo na forma como se pode ver de fora alguém que vai ameaçando cortar alguns dos fios que me fazem social e politicamente correcto. Não me apetece ser o diferente, aquele que rejeita o mundo e foge para um qualquer eremitério. Gosto do mundo, do que ele poderia ser. Detesto esta sua fase febril, esta grande mentira global que vai pingando, aqui e ali, duce chuva ácida anunciando uma monção.
Está forte o sol, lá fora. Há muito tempo que não me sentia tão bem envolvido nestas cores da manhã. Anseio um pouco pelo outono e pela melancolia que ele arrasta.
E volto aqui, aos papéis do trabalho ou a um trabalho de papéis estéreis como se voluntariamente pusesse as grilhetas e sorrisse de contentamento porque tudo é o que tem de ser.
E passo por aqui, como quem fala consigo próprio, com um amigo. E nada mais se espera do que um 'Deixa lá, acontece a todos o sentir-se assim.' E pode acontecer, palavras amigas, pode acontecer a todos.
E passei aqui, como quem toma um comprimido que alivie a dor para o resto do dia. Seja. Poderia ser pior.
Em breve estarei a sorrir, a fazer umas piadinhas e a mostrar que sou um tipo meio despistado que vai fazendo as coisas e que... e que...

muito obrigado a x e p que me chamaram a estas lides de falar aqui, assim, valha isto o que valer.

1 comentário:

x disse...

baudolino,

demorei uns dias a ler os teus textos. tinha medo de alguma forma que demorasses a escrever mais e quis saborear.

não imaginas como ficamos felizes que o resultado do nosso convite seja este: voltares a escrever.

gostava de ter lata e de pedir de prenda de natal o 'eu, baudolino' imprimido em papel (nem devia estar a escrever isto).

vale tanto.

obrigada,
x e p