24/12/10

Colecção de fósforos em noite fria, como a vendedora de fósforos da história que ouviste em casa quente, há anos. Guardas os fósforos, tentas que se mantenham secos. Não chove, apenas fica mais frio. Vão desaparecendo as pessoas da rua. Ficas com a rua e o frio todos só para ti e para os outros como tu, pouco te importa. Lá para meio da madrugada, conseguirás dormir, animal sobrevivente, enrolado nos cobertores velhos, nos jornais novos, presente do Deus Menino. Adormeces então e sonhas. Com fósforos e gasolina incendeias o mundo de uma raiva nova, toda tua e rebenta a tua Revolução, feita de fogo e mágoa à beira-dor plantada, à Tua imagem e semelhança, carne da tua carne. Do calor do sonho morto nascerá a possibilidade de um novo amanhecer. Encher-se-á a rua de gente feliz, como nas histórias, ainda que seja para contrastar contigo neste cenário de ricos e pobres, felizes e caídos em desgraça. Serás figurante na tua própria vida e olharei para ti, ao passar. Pensarei como poderia fazer algo por ti, se e se e se. De se em se até à porta do meu carro aquecido, na minha vida infeliz de acordar difícil.
Quando chegar a Hora da tua Revolução, pedirei que me leves contigo, a mim, àqueles que precisam de fogo, numa noite em que correremos pelas ruas e lançaremos chamas e caos pela cidade.
Natal.

4 comentários:

lupuscanissignatus disse...

Desejo-lhe um Natal repleto
de afectos.


Um abraço,

Vítor

Folhetim Cultural disse...

Olá parabéns pelo trabalho e pelo blog. Gostaria que visitasse meu blog que é este: informativofolhetimcultural.blogspot.com
nos siga abraços
Ass: Magno Oliveira

x disse...

boas festas! *

S disse...

Lembro-me de ser muito pequenina e já escutar esse conto do Andersen, que me deixava profundamente angustiada.
Gostei muito do que escreveste.