A distância faz-se de fios entretecidos e de fumos de escape.
O correio atravessa as linhas paralelas do eléctrico e faz-se luz num sortilégio de pólvora.
A cortiça flutua em pântano.
A corrida começa sem disparo de pistola e sem barreiras por obstáculo.
O papel recebe palavras que a chuva leva e o chão desfaz à passagem dos sapatos e dos pneus dos automóveis sem dor.
O corredor da casa perdeu o norte nessa causa de ser artéria de quartos de hotel.
Foge a fuga, morre a morte, hoje.
Fecham-se as sagas com dragões e heróis de capacetes flamejantes, poderes desconcertantes, e coisas terminadas em antes, como dantes.
Morrem as sagas pelas chamas, ardem os livros sem fuga.
Voa a morte, voa a morte, voa a morte, plana. Plana a morte porque gosta de planar, como a carta pela ranhura da caixa de correio pantanoso.
Desce o eléctrico nos carris chuvosos. Desce até à artéria central da cidade, num sublime banho de explosivos coloridos e de aromas estivais.
Desce o eléctrico enquanto a morte plana, ambos serenos, ambos serenos.
4 comentários:
Recordou-me um tempo muito distante. Cartas e eléctricos traziam todos os dias a minha felicidade.
:)
Gostei muito...
ss, cartas e eléctricos: excelente combinação!
Ainda bem que gostaste. Sei que gostas. E eu gosto muito de ti, A. Casava contigo!
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