02/03/11

.

Ouves vozes de pessoas que detestas. Detestas pessoas sem saber porquê. Incomodam-te, faz-te impressão a sua alegria por coisa pouca, o seu entusiasmo a partir de nada relevante, as rotinas idiotas que trazem tanta euforia. E pensas, com todo o teu desprezo, que não deveria ser assim, que há tantas coisas que podem caber dentro da felicidade, tantas mesmo... estas não. Dentro da felicidade não cabem as vozes das pessoas que detestas e ouves no corredor. Amanhã estarão por aqui de novo e tu também. Não te gastes com isto. Como alguém amigo te dizia ontem, não deixes que o quotidiano te coma demasiado. Esquece a felicidade dos outros julgada por ti. Pega tu nas tuas coisas e faz algo de iconoclástico e pretensioso, como escrever poesia num gabinete de burocrata, em horário de expediente; ou então começa cada aula que dás com uma poesia que abane os pilares do mundo, o teu, o dos alunos, sem que tenhas de fazer qualquer ligação entre o que leste e o que vais fazer para ganhares o pão nosso de cada dia e tal. Ficará tudo na mesma, talvez. Suspeito que talvez consigas começar tu a comer o quotidiano, às dentadas, pequenas e ousadas, subtis e devastadoras. Agora, copia isto e publica no teu blog, sem mais adjectivações supérfluas. Isso. Desta vez, não faz mal ser obediente.

2 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

boa.

Já conheci alguém assim. Infelizmente não a consegui ajudar. Era uma pessoa com uma carga tão negativa que quase me arrastava para o imenso buraco negro para onde eram constantemente atraídos os seus pensamentos...


csd

S disse...

Comer o quotidiano antes que este nos coma. Hoje é um desses dias, talvez porque estive algum tempo fora, agora custa muito regressar.
E o desejo de voltar a partir é tão grande...