05/09/12

Falo contigo sempre como se te escrevesse, como se fosses alguém que espera a queda de uma carta, no chão, do outro lado da porta que não o da rua, uma porta com abertura para o correio mas sem caixa. Escrevo-te como se não fosses eu, como se não te fizesse a minha barba de manhã ao espelho, como se tu não me quisesses dizer o porquê de deixares tudo por fazer até que a realidade te pressione, até que se torne inevitável que tenhas de atirar contigo contra uma parede, como num acidente bem medido, para te obrigares a parar, devolvido ao remetente.

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