16/12/12

calçado + fim de mundo pendente

21 de Dezembro de 2012.
Farei quarenta e três anos.
Há quem aguarde o fim do mundo. Eu aguardo apnas que o meu mundo continue a girar, uma e outra vez, comigo algures, por ali. Sinto, isso sim, nos últimos dias, talvez semanas, não muito mais, que tenho outras botas calçadas. Pesam-me mais, são botas para durar, as que irão comigo para onde for. E hoje, 16 de Dezembro de 2012, porque aparentemente as datas são importantes como contraponto imprscindível a estas letras juntas, o que mais me apetecia era um abraço, um beijo e o cheiro da casca de limão ligeiramente raspada. Isso, tenho-o à mão e não haverá motivo para lamentos. Sou um homem feliz, digo eu agora, às 14 horas e um minuto. Posso ir colher o beijo, o abraço e o limão antes que passem dois minutos mais. Mas pesam-me as botas.
Talvez não precise de um fim de mundo para passar a descalçar-me. Talvez consiga sentir o chão antes que o chão me leve com as botas calçadas, digo eu. O que se diz e o que se faz encerram a distância da coragem, coisa que me falta. Talvez um fim de mundo qualquer fizesse da coragem a minha pele. Pela janela, vejo chuva, algum vento e o topo da copa do limoeiro que o meu avô plantou. Terá a coragem de aguardar. Para já, botas calçadas.

1 comentário:

S disse...

Fico sempre fascinada com esta tua capacidade de escrita e muitas vezes não comento apenas porque não sei o que dizer. Apesar de, na maioria das vezes, me identificar muito com o peso das tuas palavras!