02/11/13

'We have no more beginnings'

Como te sentes hoje? Esta luz, a esta hora... uma bênção, não achas?
E assim se faz deliberadamente conversa, só por fazer. Assim faço conversa por ser esta a conversa que me apetece fazer, a que me dá prazer, a que quero fazer absoluta. Nem sempre grandes sínteses sobre a humanidade ou o grande sentido da tua vida, ou da minha, ou dos outros. Cada vez menos disso em estado puro. Esta é a conversa a fazer, sobre o tempo, por ser o tempo o que temos, mais ou menos. Hoje, temos o dia, esta hora do final da tarde, sol nas paredes brancas da casa do vizinho, o encontro marcado com guião de afectos por levar à cena. Falemos do tempo a olhar para o fim. Hoje não é dia de nascer do sol, essa luz com excesso de esperança, sem a melancolia de quando havia a força, a energia, a vida toda à frente. Hoje, a esta hora, olho-me, olho-te a pôr-me, a nossa luz na parede branca dos vizinhos.
 
'We have no more beginnings' (G. Steiner, Grammars of Creation)

2 comentários:

Margarida disse...

Delicioso momento.
Obrigada.

P disse...

Obrigado, Margarida!