07/03/15

As estradas sucedem-se, quilómetros em mostrador de relógio.
Sabes-te menos muita coisa, assim dita, sem formulações sofisticadas de caderno para aplausos.
Sucedes-te em estradas, muitas, desenhadas na tua pequena secretária meticulosa.
Pensas-te como avaliação sobre aquilo que fizeste contigo, contas de mercearia sem azeite, nem arroz, nem açúcar, nem farinha, nem aritmética que possas fazer num local que ames.
Medes-te pela forma como respiras, a intensidade do sangue pelo corpo a tentar o seu melhor.
Entregas-te todo em prestações, parcelas, fracções, paradoxos e pulmões sem cartas para jogar, apostas esgotadas e restos de um almoço com teor biográfico em dia de acertar contas.
Desenhas-te em despedidas, traças de ti perfis, cobres a pele de terra e sol, por não haver mais astros.

Virão descansar ao pé de ti, quando descansares. Saberás, nesse dia, que não foste longe porque és aqui.

1 comentário:

Graça Pires disse...

"Desenhas-te em despedidas, traças de ti perfis, cobres a pele de terra e sol."
Gostei mesmo do texto.
Beijo.