27/11/14

Hoje é dia de festa.
Hoje é dia de elevar os braços ao alto e proclamar que virá uma revolução. Ela te dará um novo alento, uma capacidade inusitada de levantar o peso do mundo por sobre a tua cabeça, com os teus braços nus. E tu serás um homem feliz, com os braços elevados ao alto, com o mundo entre as tuas mãos.
Hoje é dia de festejar o que apenas se festeja por ser raro.
Hoje é dia de muitas coisas e de dizer que é dia de qualquer coisa, hoje.
Hoje é dia de afirmar que terias sido mais feliz se tivesses ficado a chorar em casa. Se não quiseres festejar apenas por festejar, porque isso te liberta mais do que uma anestesia qualquer que te perca, fica antes em casa, numa qualquer casa.
Hoje é dia de beber, se não conseguires festejar de outra maneira, porque se celebra o dia do rei e da rainha, do presidente, do herói e do escritor, do bandido, daqueles que saíram do país e são comunidade, daqueles que se conseguem rever nas estátuas que lhe erigiram numa rotunda à volta do qual passam carros com bandeiras e esvoaçar, aclamando uma qualquer vitória da nação.
Hoje é dia de ouvires canções entoadas por multidão em uníssono, com as mãos por sobre o peito. E tu podes festejar, porque não tens de cantar, porque não és a multidão, porque a canção te desagrada, porque ela pesa mais do que o mundo entre as tuas mãos, elevadas ao alto, por sobre a tua cabeça.
Hoje é dia de ser incoerente e de celebrar a incoerência. É sempre dia de ser incoerente. É sempre dia de celebrar. Haja festa.

1 comentário:

Graça Pires disse...

Haja festa porque há muito que não vinha aqui... Hoje é dia de voltar...
Beijo.