30/10/15

Some-se o tempo, cais sobre a voragem de ser o bando de impossibilidades que te definem. 
Os passos fazem-se acompanhar das folhas pisadas pela sola. A luz tolda o entendimento dos ponteiros do relógio. As vozes perseguem-se em bandos de impossibilidades harmónicas mútuas. Tu cumpres-te em escalas de medida pessoais, sem arbitragem externa. Bandos selvagens de impossibilidades múltiplas, em formações, asas expostas à luz gloriosa do entardecer.
Espera pela chuva, em dia de coroação de rainhas e reis na televisão. Fica em suspenso, como ficarias se fosses rei em dia de coroação, refletido em montras das lojas de eletrodomésticos. Olha para o sofá onde se sentava o teu avô e suspende-te nesse último dia, na folha adoentada do pessegueiro com dias contados, na soma de virtudes dos vegetais, no coração do cão a pulsar durante o seu sono, ao fundo do quintal.
Não haverá muito mais a fazer depois disto. Bastará que descanses e te sintas cumprido. Será pouco mas serás tu.

2 comentários:

Luis Leal disse...

O sofá onde tantos se sentaram... Gosto muito do blog amigo Paulo! Abraço forte.

P disse...

Obrigado, amigo, pela paciência da visita.
Um grande abraço