04/01/16

No dia em que nasceu, não havia sapatos para gastar, nem uma vela acesa em parapeito de janela, nem um único som que assinalasse evento algum. Esse foi um dia de vaguear, sem referência nem método, ao longo da margem do lago. Calçou os sapatos e mentiu, porque se mente sempre, especialmente quando se nasce e depois de calçar os sapatos. Acendeu a vela, a custo, com o fósforo húmido. Reverteu com discrição o escuro da noite e vagueou mais e mais até ao limite de si. No dia em que nasceu, foi noite.

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