26/10/17

As revoluções fazem-se antes do nascer do sol, antes de permitir a luz solar que se vislumbre fio delicado, fibra ínfima, em contraste com o céu. É essa a hora de prece humilde a um deus que pareça disponível, que não se faça cobrar por tal, que não prometa amar, pela eternidade, reclamando tributo e olhos postos no seu absoluto amor. É essa a hora de agarrar fibras a que a primeira luz do dia dê corpo e de fazer a revolução como ela deve ser feita: frágil e imprudente, de dentes cerrados.Seremos todos filhos dessa urgência de fazer diferente, do impulso mal medido, da coragem fugaz, sempre melhor que a cobardia de ficar por ficar, dos significados construidos a posteriori. E não seremos bastardos, nunca. Ninguém é bastardo de nada ou de alguém, nunca.

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