16/02/18

e comemos gelado de sol nu

Voltaste a sentir o cheiro do sol em cabelos e pele, o seu brilho alvo em paredes. Sol e frio sempre te convocaram para aventuras, para peregrinação feliz por corpos desconhecidos, pela fantasia de poder haver danças nas ruas inclinadas, ou nos largos, ou nas praças, com os casacos e os gorros de todo o inverno a acumular-nos quentes nas suas fibras. Traremos no corpo, sobre o corpo, a nossa arca festiva, o aturdimento do suor nos poros, o desejo despudorado de despir, de retirar camadas evidentes, de revelar coisas íntimas pelas ruas, de voltarmos a sentir nas línguas o sol acre do amor por fazer. Faça-se.

Sem comentários: