26/12/18

O cão arrastou-se desde a sombra do carro até ao meio da rua. Tossia, o cão. Movimentava-se, indiferente à presença da morte, por entre os buracos da rua. Desviaram-se dele o carro dos bombeiros e dezenas de motas. Concluí que sobreviveu após alguns minutos, quando o avistei a beber água junto a uma fenda num cano. Foi caminhando, o cão, indiferente à avaliação que fui fazendo da sua capacidade para sobreviver. Encontrámo-nos, horas depois, junto à baía. Tossia enquanto arqueava o lombo. Olhava o mar como se lhe sentisse o infinito, pensei eu. Engano-me, irremediavelmente, sempre que perspectivo infinitos de cão.

1 comentário:

flor disse...

gosto desse cão. deixe-o viver.