13/06/07

Sentes que perdes folhas, não é? Por cada dia que passa, sentes que te expões, que mostras mais do que o rosto, que a tua nudez se te vai impor e que as tuas raízes não permitem que fujas, que te ocultes dos olhos de quem passa por ti. Sentes que nada podes fazer para que isso não aconteça... Também sei o que isso é... Nada disso me é estranho, sabias? Sinto também que o frio me perturba cada vez mais, que o calor me torna os dias quase insupotáveis, que nem sempre consigo ler as cartas de amor que o orvalho acaba por ir escrevendo em mim. E temo a chuva, sabes? Temos que me desfaça, como ao papel, que me converta em algo informe por onde a seiva deixe de encontrar motivos para correr e decida sair de vez, toda. Temo tanta coisa, como tu, provavelmente. Sabias?

15 comentários:

rtp disse...

Não sabia... :-)
Mais a sério: grande parte dos nossos medos, mesmo esses que nos parecem estranhos e, por isso, só nossos, são universais.
E percebo o medo de perder a "seiva", porque como diz: "por cada dia que passa sentes que te expões, que mostras mais do que o rosto ..."
Mais um post belíssimo!

Lana disse...

Olá Baudolino!
sabe? por vezes é assim mesmo que me sinto ... até parece que me conhece.
1 sorriso mto luminoso e adoro o seu espaço.
lana

jguerra disse...

Baudolino, apesar de saber que não és dado a continuar estas cadeias, quis mesmo assim distinguir-te. Mereces todo o apoio no excelente blog que publicas. Adoro ler o que escreves.

Já agora... como retratas páginas da minha vida! Quantas vezes não sinto o que descreves.

Abraço.

S. disse...

Comoveu-me a angústia serena dos medos confessados com a simplicidade crua de quem já os aceitou e se preparou para viver com eles. Há uma espécie de sabedoria neste momento partilhado.

Graça Pires disse...

"Sinto que nem sempre consigo ler as cartas de amor que o orvalho acaba por ir escrevendo em mim."
Os medos. As sombras. A melancolia.
Belo texto. Um abraço.

vida de vidro disse...

As angústias que nos perseguem. Ditas de uma forma tão serena... **

Unknown disse...

Não sabia deste blog...vim aqui por acaso ..gostei do que li...do que vi....
um abraço
brisa de palavras

CNS disse...

As tuas angustias. As nossas. Belissimo.

Obrigada, pela tua visita.

verde disse...

Belo texto...mas adoraria ler um texto do Baudolino sobre a beleza das relações, sobre a profundidade da entrega ao outro, sobre a beleza do encontro de duas almas. Algo menos dilacerante, mais sonhador...talvez porque tema que o Baudolino sinta de facto o desespero que a sua maravilhosa escrita tão bem descreve ;)

Onde acaba o homem e começa o poeta? Será que esta é apenas uma personagem que o habita? Somos feitos de tantas personagens...

Sea disse...

eu gostei.
agradeço a visita.

P disse...

Obrigado a todos pelas simpáticas palavras. Quanto ao que escrevo... é o que me dá prazer, é o que preciso de escrever, independentemente da percentagem de mim que pela escrita vai ficando. Pareço um pouco envolto pela dor, reconheço que sim mas não posso fazer nada, pelo menos para já. Procuro muito a beleza da cicatriz, da reconstrução, da passagem, do diálogo com os que não estão entre nós, da interpelação, da antecipação do sentimento... sei lá eu que mais...não é nada de extraordinário, é uma necessidade.

un dress disse...

eu costume andar:

de mão

na mão

do medo ...

Anónimo disse...

surpreendeu-me o teu comentário no meu cantinho e decidi vir cuscar. :) e gostei. voltarei, certamente. :)parabéns.

Luna disse...

Uy, es ese el momento del desánimo, la impotencia y la senación de que el peso corporal crece de golpe y el de la vida se ve casi insoportable.
Como ves, ahora con diccionario a mano, puedo entender tu idioma. Esta perfecto!
Me gusto mucho esto que escribiste.

Te deje tarea en mi blog, por si quieres participar en un juego ("el de los 8"). Si no quieres, estara bien igual.

Saludos.

isabel mendes ferreira disse...

absoluto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!





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bom dia.