06/10/11

Proto-poema rápido de louvor hiperbólico a cão anarquista, com evocação pseudo-intelectual a Buñuel e Dali, motivado por serviço noticiodioso:

Contemplas a rua, sentado, postura sibilina.
Sabes que ser cão, como tu, não é apenas vaguear pela rua à espera que o tempo te leve.
Um dia, poderemos todos ser anarquistas, como tu, e juntar-nos-emos à multidão em chamas.
Havemos  de encontrar serenidade, sentados num qualquer asfalto ou estrada empoeirada.
E disso tudo faremos a nossa linha do horizonte. E escreveremos num céu que entretanto rasgámos as letras que fazem liberdade, juntos e em chamas, como tu.

(Un chien andalou estará a ser projectado por detrás da barreira de polícias couraçados até ao tutano. Voltar-lhe-ás as costas. Nunca foste surrealista.)

3 comentários:

Herético disse...

isto está bom.

Ignotu disse...

Nunca foi… mas é surrealista! :)
Vejo que não perdeu a qualidade de sempre surpreender com as palavras.

Ana Tapadas disse...

Um texto espectáculo, no sentido da palavra (não nesse uso trivial que por aí anda).

bjs