19/10/12

falar do tempo, oportunidade perdida para ficar calado

Pode acontecer que ainda tenhamos tempo. Pode acontecer que tudo se passe em câmara lenta.
Regressa a casa, dizem-te. Que encontres as raízes e o sabor da sopa da tua infância, o toque que te fez homem, palavras de amigo que te quer bem. Isso te fará fechar o círculo da vida, da tua, pelo menos.
Olhas o sol pela janela, igual ao de outros outonos, demasiado igual. Sabe-te bem mas é igual sobretudo ao do outono passado e queres assumir que não queres fechar círculos, muito menos o da vida, o da tua. E se o conforto do conhecido te sabe a serão à lareira, com frio lá fora, equacionas se não queres esse frio todo e a nudez total, até que nisso encontres conforto.
Pois digo-te que estou como tu, nessa passagem, sem preparação para encontrar as pontas da linha, sem perpectivas de fechar círculos do que quer que seja. E digo-te que o frio do inverno me vai saber melhor que o sol do outono. Vou-te falar do frio do inverno, um dia destes, talvez mesmo esta noite. Agora não.

2 comentários:

Margarida disse...

Foi um conformo ler este texto...
Aquela praia é a Praia da Amoreira em dia de tempestade no mar. Belas férias que se passam em Aljezur, apesar de ser cada vez mais difícil encontrar uma praia mais ou menos deserta. Gosto sobretudo de explorar, ainda se encontram umas praiazinhas aqui e acolá.

Ana Tapadas disse...

Belo texto, como de costume.


!!!