10/02/13

Passa o homem por sobre a pequena ponte de madeira. Poderia ser uma ponte já algo comida pelo tempo, como sucede em muitas descrições associadas a narrações incluindo homens a passar por pontes. Deixou, entretanto, de ser relavante a idade da ponte, o homem, se há ponte a passar ou homem que a queira passar. De passos silenciosos, dados por coisas que nem têm de ser homens, se faz a história de muita gente, talvez a minha. Isso ou uma bicicleta a rolar numa estrada estreita ladeada de dois campos, verdes na Primavera, amarelos no Verão e incógnitos no Outono, apenas porque deles não apetece falar hoje, dia em que há nuvens e vento a chamar-me para a tempestade que se aproxima, companheiro de brincadeira lá fora, a prever poças de água ou lama para pisar. Haverá sempre tempo para ver passar coisas a uma janela qualquer, ou fora dela. Se fosse hoje o meu último dia não veria a chuva, apenas saberia dela pelas previsões meteorológicas ou pelo vento na janela, mas teria sentido o mundo a girar sob os meus pés, coisa que esquecemos facilmente ser prazer maior que o mundo. Isso ou um beijo.

4 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

O frio pode ser inspirador para uma belo texto em prosa com um toque de poesia.

Claudia Sousa Dias disse...

* um

P disse...

Obrigado, Cláudia.
Começo a aachar que tudo inspirará, se a tudo estivermos expostos. Pelo frio, pelos frios todos, tenho um respeito extremo.

Claudia Sousa Dias disse...

Sem dúvida! Que o digam "Oscar Wilde" (O Príncipe Feliz") e Hans Christian Andersen ("Os Fósforos de Oiro").


Contos inesquecíveis.

O frio desperta o sentimento de humanidade, quando pensamos em quem não tem como lutar contra ele.