22/05/13

Sendo tu, não satizfaz o seres outro, talvez. Não satisfaz seres verdadeiro, não teres de te legitimar a ti, ao teu desejo, à tua vontade, com os vapores de uma qualquer moral dita divina. Não satisfaz quereres deixar isso claro, posto em palavras e em tranquilidade, colocado em categorias que te permitam seres tu, sendo novo. Não satisfaz. Sente-lo na esquiva, na evasão, na esperança de que não se retorne ao tema, no assumir de que o que digas possa ser pernicioso, o mau exemplo por pensamentos e palavras, actos e omissões, por tua culpa, tua tão grande culpa. Não satisfaz a tua liberdade porque ela é vista como opressão para quem sente que a paz pode vir do alto. Não satisfaz a tua tranquilidade porque ela é tóxica, porque se infiltra nas frestas da fé, no edifício calafetado do que foi e do que pode ser. Não satisfaz o sismo como oportunidade de fazer novo o que já era porque assusta que possa arrasar o que poderia ser. Não satisfaz que se possa ser aquele que sempre se foi e aquele que se é, sem necessidade de perspectivar a disjunção como forma de articular o ontem e o hoje. Não tem de ser assim mas é assim que é.Talvez leve algum tempo, só isso. Talvez. 

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