11/06/13


Pede-me a alma anestesia, pede-me o corpo o mesmo, talvez. E eu, o que me peço que me possa dar? Por que razão trago na bagagem estes pedidos? Porque faço dos meus dias frases com pontos de interrogação e reticências?
Tanta pergunta, pergunta a mais para quem passa a vida à espera das migrações dos patos e na esperança de que nasçam tremoços por gostar da cor franca das suas flores. Tanta pergunta para quem transmuta em natureza uma vida à beira de estrada congestionada, sem um fato ou uma gravata em condições para receber o coveiro. Tanta pergunta para quem não sabe sequer se passam os patos em migração, enquanto a flor do tremoço se dá a ver. Tanto fragmento para quem desespera por ver o rosto inteiro, ao espelho. Tanta pergunta para quem tem o rosto em migração constante, sem florir. Faço a vontade à alma, o corpo que sobreviva como lhe aprouver. 

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